domingo, 8 de julho de 2012

Desenvolvimento do Capitalismo - INTENSIVO

Após a queda no Muro de Berlim e o fim da União Soviética, podemos dizer que o sistema capitalista é hegemônico hoje no mundo inteiro. Isso quer dizer que o capitalismo é predominante em todos os países do globo. Até mesmo países que se identificam como comunistas ou socialistas funcionam na lógica do capitalismo. Para entendermos como se deu essa configuração do espaço geográfico mundial, vamos conhecer as principais fases do capitalismo que antecederam a atual. São 3: Comercial, industrial e financeiro.

Clique para ampliar, retirado de Geoprofessora

1. Capitalismo Comercial (Séc XV-XVIII)

A primeira etapa do capitalismo é chamada de comercial pois o principal objetivo dos países da Europa Ocidental era acumular capital através da troca de mercadorias. Essa política foi chamada de mercantilismo e foi pautada pela busca de novas rotas de comércio através das expansões marítimas. Nesse período, os países europeus conquistaram inúmeros territórios e também escravizaram e assassinaram milhões de nativos da América e África, sempre em busca de produtos que fossem valorizados no mercado europeu.

Assim, estabeleceu-se a Divisão Internacional do Trabalho clássica, uma estruturação do espaço geográfico global. Enquanto a colônia enviava metais preciosos, especiarias e produtos tropicais para a sua metrópole, esta enviava produtos manufaturados para a colônia. Nas palavras do escritor uruguaio Eduardo Galeano, enquanto uns países se especializavam em ganhar, outros se especializavam em perder. A América Latina, desde então, é especializada em perder.

Alguns autores já defendem que é no Capitalismo Comercial que ocorre a primeira Globalização, ainda que de forma incipiente. Em geral, eles afirmam que essa etapa do capitalismo estabeleceu relações políticas, econômicas e culturais entre países em diferentes continentes, através da expansão marítima. A Globalização, contudo, na forma como a entendemos hoje será estudada em um capítulo mais adiante.

2. Capitalismo Industrial (Séc. XVIII-XIX)

Em meados do século XVIII, o capitalismo, antes baseado no comércio de produtos simples, passou a caracterizar-se por uma produção industrial em grande escala, com produtos mais elaborados. Essa transformação ficou conhecida como Revolução Industrial, a etapa que a seguiu como Capitalismo Industrial e levou a uma reconfiguração do espaço geográfico global.

As cidades, que já vinham crescendo desde a etapa anterior, começaram a crescer ainda mais devido a modernização das atividades agrícolas, que expulsou centenas de trabalhadores do campo. A Divisão Internacional do Trabalho se aprofundou ainda mais, enquanto houve uma aceleração enorme da circulação de pessoas, matérias-primas e mercadorias. Isso só foi possível devido aos grandes avanços na tecnologia de transporte terrestre.

Nessa etapa, o comércio já não era a principal fonte de lucro, mas a produção de mercadorias. Importante notar que a Inglaterra foi o país pioneiro, enquanto a mão-de-obra escrava ou servil era substituída pela assalariada. O capitalismo industrial também foi importante para delimitar o fim da intervenção do Estado na economia. Ela passava a funcionar na lógica do mercado, guiado pela livre concorrência. Essa doutrina ficou conhecida como liberalismo econômico, sendo o seu principal teórico o economista escocês Adam Smith.

Segundo Smith, bastava que cada indivíduo buscasse seu próprio interesse econômico que o interesse coletivo seria atingido de forma mais eficiente. Os preços das mercadorias e os salários seriam definidos através das leis de oferta e demanda. Para tanto, era importante que não houvesse interferência do Estado nos assuntos econômicos. A metáfora mais conhecida do liberalismo econômico é o da “mão-invisível”, que sugeria essa não intervenção.

3. Capitalismo Financeiro ou Monopolista (Séc. XIX-XX)

O avanço da atividade industrial exigiu maiores investimentos financeiros para possibilitar o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias. A intenção era que as indústrias se tornassem mais produtivas, gerando mais lucro para o industrial. Nesse contexto, alguns setores industriais começam a receber ajuda financeira dos bancos, que, por conta disso, começam a desenvolver novas tecnologias e produtos, gerando mais competitividade.

Com os avanços tecnológicos e o acirramento da concorrência, algumas empresas simplesmente não conseguiam se tornar fortes o suficiente para competir com as grandes. Assim, pequenas empresas foram a falência ou foram incorporadas por empresas maiores, o que gerou uma grande centralização e concentração de capitais. Essas fusões e incorporações levaram a formação de monopólios e oligopólios. Outros conceitos também surgem nesse contexto:

Monopólio: Situação em que uma única empresa domina a oferta de determinado produto ou serviço. Quando o mercado é dominado por uma estrutura monopolista, os preços são fixados pela empresa monopolizadora e não pelas leis de mercado, garantindo-lhe superlucros.

Oligopólio: Conjunto de empresas que domina determinado setor da economia ou produto colocado no mercado. Em geral, impõe preços abusivos e elimina a possibilidade de concorrência, através da aquisição de pequenas empresas.

Cartel: Conjunto de empresas que atuam no mesmo setor da economia e estabelecem acordos visando à ampliação de suas margens de lucros, geralmente através da adoção das seguintes estratégias: estabelecimento de cotas de produção, controle dos preços, controle das fontes de matéria-prima (cartel de compradores) e divisão do mercado.

Holding: Conjunto de empresas dominadas por uma empresa central que detém a maioria ou parte significativa das ações de suas subsidiárias; geralmente atua em vários setores da economia, formando um conglomerado.

Truste: Situação em que uma empresa controla todas as etapas do processo produtivo, desde a retirada da matéria-prima da natureza, passando pela transformação em produto até a distribuição da mercadoria. Em geral está associado ao processo de fusão de empresas.

É no contexto do capitalismo financeiro que ocorre a expansão imperialista, que buscava garantir novos mercados consumidores e novas fontes de matérias-primas. Os países europeus, então, avançam sobre a África e o sul da Ásia. A Divisão Internacional do Trabalho, então, foi deslocada para a África, já que a maior parte dos países da América Latina estavam realizando suas independências, ainda que apenas nominalmente.

Nessa época que os Estados Unidos surge como uma potência industrial. Sua expansão imperialista sobre a América Latina, contudo, não ocorreu na forma de dominação colonial. Os EUA exerciam um controle indireto, patrocinando golpes de Estado e apoiando a ascensão de ditadores que fossem favoráveis aos Estados Unidos. As intervenções militares eram apenas pontuais.

Nessa etapa, o liberalismo econômico permanece apenas como ideologia capitalista, pois o mercado passa a ser cada vez mais controlado apenas pelas grandes corporações. Isso se intensifica ainda mais com a Crise de 29, onde o Estado volta a aparecer como indutor da atividade econômica, planejando, coordenando, produzindo ou como empresário. Essa política ficou conhecida como keynesianismo, pois foi elaborada por um economista britânico chamado John Maynard Keynes.

É importante observar que a divisão feita entre as diferentes etapas de desenvolvimento do capitalismo tem diferenças entre si mas é, sobretudo, para efeito didático. Nunca o capitalismo industrial deixa de ser comercial, ou seja, cada etapa que surge incorpora um pouco da etapa anterior para se desenvolver. Também é relevante lembrarmos que a transição entre uma etapa para outra se dá de forma lenta e gradual, além de ocorrer de forma diferenciada entre os países, assim como foi transição entre o feudalismo e o capitalismo.

Um comentário:

  1. o capitalismo é selvagem e como todo selvagem é muito interessante de se estudar, é ao mesmo tempo simples e complexo

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