quinta-feira, 28 de junho de 2012

Indústria no Tempo - INTENSIVO



CARACTERIZAÇÃO
1ª Revolução Industrial
2ª Revolução Industrial
3ª Revolução Industrial
Época e lugar onde ocorreram
Inglaterra, séc. XVII (1780/1830)
França, Bélgica, Holanda, EUA, Alemanha, Itália, Japão, sec. XIX (1870)
Japão e EUA, séc. XX (1970)
Ramos de atividades
Indústria têxtil
Indústrias metalúrgicas, químicas, auotomobilísticas, petroquímicas, etc.
Biotecnologia, microeletrônica, robótica, telecomunicações, etc.
Paradigma trabalhista-societário
Manchesteriano
Taylorista/Fordista
Toyotismo
Inovações tecnológicas
Máquina à vapor
Motor à combustão
Microprocessador
Fontes de energia
Carvão Mineral
Eletricidade e Petróleo
Eletricidade e Petróleo
Meios de transporte
Trens e navios à vapor
Automóvel, navegação aérea
Trens de alta velocidade, jatos supersônicos
Organização do trabalho
Assalariado
Especializado (separação manual x intelectual)
Qualificado
Papel do Estado
Liberal
Keynesiano
Neoliberal
Perfil do trabalhador
Trabalho por ofício
Trabalho monovalente
Trabalho polivalente
Transformações no espaço
Deslocamento da população do campo para as cidades
Grandes centros industriais (economia de aglomeração)
Desconcentração industrial (deseconomia de aglomeração)
Transformações na sociedade
Divisão entre classes: burguesia e operariado
Sociedade urbano-industrial
Sociedade pós-industrial
Divisão Internacional do Trabalho
Troca de produtos manufaturados por matérias-primas
Intensificação da DIT; Neocolonialismo
DIT complexa: fragmentação da produção

sexta-feira, 8 de junho de 2012

União Europeia - INTENSIVO

Em crise, União Europeia ameaça limitar livre circulação de pessoas


Medida, que ainda precisa ser aprovada no Parlamento europeu, autoriza países a fechar fronteiras para conter fluxos de imigração


Policiais poloneses fiscalizam fronteira por causa da Eurocopa; países querem controle para combater imigração
Os ministros do Interior dos países membros da União Européia chegaram a um acordo nesta quinta-feira (07/06) para reformar o Tratado de Schengen, que instituiu a livre circulação de pessoas na região. A ideia, patrocinada pelos governos na França e da Alemanha, é autorizar o fechamento das fronteiras por até um ano para conter fluxos imigratórios excepcionais.

A reforma, que ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento Europeu, coloca em risco um dos pilares da constituição da UE. Em vigor desde 1996, o Tratado de Schengen abriu as fronteiras de 30 países no continente europeu, incluindo os membros da União Européia (exceto Reino Unido e Irlanda) e três países que não fazem parte do bloco econômico (Islândia Noruega e Suíça). Nesse espaço, as pessoas podem circular livremente, sem a necessidade de apresentação de passaporte.

A decisão teve o apoio unânime dos ministros presentes à reunião em Luxemburgo e se soma ao discurso antiimigratório que tem dominado o cenário político europeu nesse período de crise econômica.

Atualmente, o tratado permite aos países apenas a restrição de entrada de pessoas em caso de real ameaça de terrorismo. A Polônia, por exemplo, está exigindo a apresentação de passaportes dos turistas que chegam ao país para assistir a Eurocopa de futebol.

De acordo com informações da agência France Presse, o novo ministro do Interior da França, Manuel Valls, decidiu apoiar a mudança no acordo em virtude de “situações graves que possam surgir”, citando a crise humanitária na Síria, que em sua visão poderia gerar uma explosão imigratória em direção à Europa. Com isso, o governo do socialista François Hollande acabou apoiando a bandeira que já era levantada por seu antecessor, Nicolas Sarkozy, que focou sua fracassada campanha de reeleição no discurso antiimigratório.

Já a ministra do Interior da Áustria, Johanna Mikl-Leitner, citou o fluxo imigratório vindo da Turquia como uma justificativa para a mudança. "A situação na fronteira da Grécia com a Turquia mostra que precisamos de um mecanismo de ação muito claro no Espaço Schengen", afirmou.

Apesar da unanimidade, a aprovação da reforma não está garantida. A divulgação do acordo causou revolta no Parlamento europeu. "A livre circulação num espaço sem fronteiras internas é um pilar da União Europeia - um de seus benefícios mais tangíveis", disse o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, também de acordo com a AFP.

"Estou decepcionada com a falta de ambição europeia entre os Estados membros", disse a comissária de assuntos internos da EU, Cecilia Malmstroem, que se opôs à reforma, cuja votação ainda não tem data prevista.

Fonte: OperaMundi

sábado, 2 de junho de 2012

Cuba - INTENSIVO


Saúde e educação são os principais êxitos do regime cubano

 FERNANDO RAVSBERG
da BBC, em Havana
Os principais êxitos do regime implantado pela Revolução Cubana de 1959 estão na área social, onde a ilha apresenta indicadores superiores à maioria dos países do continente, incluindo aí os mais ricos. Para muitos, apesar dos inúmeros problemas enfrentados pela população cubana, o maior sucesso da revolução liderada por Fidel Castro foi ter conseguido desenvolver uma poderosa rede de assistência social, que serviu para impedir que os 20% mais pobres da sociedade caíssem em uma situação de miséria e pobreza extrema.

Em Cuba, o Estado se encarrega dessas famílias, entregando-os dinheiro extra, alimentos, roupas e móveis. Nos casos de pessoas com deficiências físicas ou mentais, o governo chega, inclusive, a pagar um salário para que elas recebam os cuidados necessários. Medidas em benefício da parcela mais pobre da população cubana foram tomadas logo nos primeiros dias da revolução.

A reforma agrária, por exemplo, deu emprego a todos os camponeses do país. Alguns receberam terras, outros passaram a integrar cooperativas, e muitos se transformaram em trabalhadores de fazendas coletivas. Já nas cidades, foi proibido o despejo de inquilinos e decretada a redução dos aluguéis. Finalmente, foi realizada uma reforma urbana que transformou 85% dos cubanos em proprietários de suas casas, uma realidade que se mantém até os dias atuais.

Educação

Não há no país nem mesmo meninos de rua. Os órfãos, filhos de pessoas com deficiências mentais ou de pessoas presas, vivem em instituições que lhes garantem alimentação, assistência médica e educação, incluindo os estudos superiores. Mas eles não são exceção, já que 100% das crianças e adolescentes cubanos frequentam a escola, que é obrigatória por nove anos e segue sem custar um centavo até o nível universitário, onde até mesmo os livros são gratuitos.

A lei cubana obriga os pais a enviarem seus filhos à escola. Se for considerado que este direito da criança foi violado, a pena para eles pode ser até mesmo a perda da guarda do menor e outras medidas judiciais. Nenhuma criança fica de fora da rede educacional. Os cerca de 60 mil menores de idade com limitações físicas ou psíquicas da ilha frequentam escolas especiais, onde, além de aulas, recebem tratamento fisioterápico e atendimento psicológico, uma combinação que permite com que eles desenvolvam ao máximo suas habilidades.

Saúde

É nestas escolas que se reúnem dois dos maiores sucessos da revolução cubana: a educação e a saúde pública. Em relação a esta última, o regime de Fidel Castro desenvolveu um gigantesco sistema nacional de cobertura a todos os cidadãos, sem exceções de nenhum tipo. O sistema de saúde de Cuba é composto por quatro níveis: o médico de família, que costuma viver a poucas quadras de seus pacientes; o clínico geral de bairro; os hospitais de zona e os institutos especializados.

Todo atendimento é gratuito, com exceção dos medicamentos, que são subsidiados pelo Estado. Nenhuma doença fica de fora do sistema de saúde cubano, que oferece tratamentos a problemas que vão desde simples dores de cabeça a enfermidades relacionadas à Aids, passando por assistência odontológica e até mesmo cirurgias plásticas. O resultado deste sistema de saúde tão amplo pode ser observado quando se comparam as estatísticas das Nações Unidas sobre esperança de vida.

Cuba ocupa o terceiro lugar em todo continente americano, com expectativa de vida de 76 anos para os homens e 80 para mulheres. Já em relação à mortalidade infantil, as estatísticas da ONU apontam que o índice de Cuba é de cinco mortes a cada 1.000 nascimentos, o que situa o país em um nível só comparável ao do Canadá no continente americano.

Ciclones

Da mesma forma que poucas pessoas morrem em Cuba por causa de doenças curáveis, o número de mortos pelos ciclones que atravessam o país todos os anos também é baixo. O sistema de defesa civil criado pela revolução é capaz de evacuar milhões de cidadãos para lugares seguros antes da chegada das tempestades.

O ano de 2008 foi bastante ilustrativo neste sentido, quando três grandes ciclones atravessaram a ilha, destruindo meio milhão de casas, a maior parte das colheitas e derrubando centenas de torres do sistema elétrico. Apesar dos estragos, foram registradas apenas sete mortes. Antes de 1959 e nos primeiros anos da revolução, os mortos eram contados às centenas e milhares cada vez que um desses fenômenos atingia o país. Isso sem contar as enormes perdas econômicas.

Agora, a Defesa Civil "toma o controle" dos territórios onde se prevê que as tempestades passarão. Dias antes da evacuação das áreas, as pessoas protegem seus animais e transportam alimentos, evitando mortes e salvando o que é possível.

Violência

Também são poucas as pessoas que morrem por causa da violência. Na verdade, a insegurança pública na ilha é ínfima.
Mesmo quando comparada aos países mais ricos da região, Cuba pode ser considerada uma das sociedades mais pacíficas do continente. São raros os casos de assaltos com pistolas ou armas brancas. Os delitos mais comuns em Cuba são furtos de correntes, relógios ou de dinheiro.

Sem dúvida, este clima pacífico se deve à presença constante da polícia nas ruas. No entanto, alguns argumentam que os baixos níveis de violência também estão relacionados com o nível de educação da população, o acesso à saúde e ao controle da pobreza.

Coreia do Norte - INTENSIVO


Coreia do Norte alega "barbeiragem" e proíbe mulheres de dirigir
SÉRGIO RANGEL
Enviado especial a Pyongyang

As mulheres trabalham pesado na sociedade norte-coreana, mas não têm os mesmos direitos que os homens. Elas não dirigem carros nem bicicleta na capital norte-coreana. Também não podem fumar no país. A alegação oficial para a proibição das mulheres no trânsito é que elas já provocaram muitos acidentes em Pyongyang.

A proibição foi determinada há cerca de dez anos pelo "querido líder" Kim Jong-Il, filho e sucessor do "pai da nação'', o "presidente eterno" Kim Il-Sung, morto em 1994. Ao mesmo tempo são elas que tentam organizar o trânsito local, que tem ruas pouco movimentadas --a Coreia do Norte tem uma das menores frotas de carro do mundo.

Mulheres-semáforos

As ruas da capital norte-coreana não têm sinais de trânsito, provavelmente por causa da carência de energia elétrica no país. Com movimentos ininterruptos, mulheres uniformizadas sinalizam para onde os carros devem seguir. Em quase todos os cruzamentos de Pyongyang, há mulheres-semáforos. Elas chamam a atenção pela beleza, pelas roupas bem cortadas e pela frenética coreografia, repetida mecanicamente mesmo quando as ruas estão vazias.

As guardas levantam e abaixam os braços, rodopiam e giram a cabeça sem parar, numa coreografia mecânica. De noite, elas são substituídas por homens, que mantêm o balé de braços e pernas com um bastão luminoso para serem visto em meio à escuridão da cidade.

Folha não conseguiu entrevistar nenhuma das mulheres-semáforos nos sete dias em que permaneceu na capital norte-coreana. Elas só deixam os seus postos em dias de fortes chuvas ou de calor intenso. Nessas épocas, os poucos semáforos são ligados na capital norte-coreana.

Quatro rodas

O país começa agora a produzir os seus primeiros carros. Quase todos os que circulam são importados e estão nas mãos de estrangeiros ou da elite política da capital. Com a carência enorme de carros, qualquer coisa que tenha motor e ande em cima de quatro rodas está liberada para circular pelas ruas e estrada do país. Carros com a direção na direita andam livremente. A bicicleta é o principal meio de transporte do país. Já no interior, as mulheres podem subir nas bicicletas.

Os ônibus também não são conduzidos pelas mulheres. Quase todos herdados da antiga Alemanha Oriental, os ônibus só andam superlotados pela capital. As filas são imensas durante todo o dia.

Como encontrar carro é raro numa estrada, eles são capazes de começar a buzinar quando avistam o outro, mesmo que ele esteja distante mais de 500 metros. Os motoristas também sempre buzinam ao ver uma pessoa andando pelo acostamento, o que é comum no país que praticamente se locomove com os pés.

Quarentena

Apesar da discriminação, as mulheres trabalham muito. Viajando pelo interior do país, é possível ver grupos femininos trabalhando pesado na terra. Elas também fazem reparos nas obras. Podem estudar, mas dificilmente chegar numa posição de comando no governo local.

A maternidade na Coreia do Norte não é controlada pelo Estado, segundo os guias. No principal hospital da capital, as mulheres ficam isoladas dos maridos por cerca de uma semana depois de ter filhos. O chefe do hospital justificou que a "quarentena'' é uma tentativa do governo para reduzir uma possível contaminação das crianças. Neste período, os pais se comunicam por um telefone e podem ver a imagem da crianças e da mãe nas televisões instaladas no setor de visita.

Veto a calças

Até na forma de vestir das mulheres, o governo dá ordens. No ano passado, ativistas norte coreanos informaram que as mulheres do país seriam condenadas a trabalhos forçados se forem pegas usando calças em vez de saias pela nova regra do regime comunista.

Segundo o grupo de defesa dos Direitos Humanos "Good Friends", elas podem ser punidas com horas de trabalho forçado ou fiança de 700 won (moeda local), o que equivale a quase uma semana do salário médio de um trabalhador. Apesar da decisão governamental, as mulheres andavam livremente de calça pela capital nesta semana.

A campanha irritou as mulheres, que veem as saias como menos práticas que as calças, disse o diretor do grupo Good Friends, Lee Seung-Yong. Na época, Uriminzokkiri, um site oficial norte-coreano, divulgou que o presidente Kim já havia publicado um decreto, em 1986, obrigando as mulheres a usarem o traje tradicional coreano.

Fonte: Folha Online, 23/04/2010

Geografia Urbana - Questões UERJ


Pessoal, aí vai o link pras questões UERJ sobre Geografia Urbana, que vocês tinham pedido, e umas imagens de algumas cidades ao redor do mundo.

Pequim
Dubai

Rio de Janeiro

São Paulo

Subúrbio norte-americano


Havana

Gabarito da apostila


Capítulo I – Página 15 a 17.
Questão 1 – A
Questão 2 – D
Questão 5 – C
Questão 6 – E
Questão 8 – E
Questão 9 – B
Questão 10 – a) F – V – F. b) V – F – F – V – F.

Capítulo II – Página 28 a 30.
Questão 1 – E
Questão 2 – F – V – F – V – F – F.
Questão 3 – B
Questão 4 – A
Questão 5 – C
Questão 6 – D
Questão 7 – V – V – F – F
Questão 8 – A

Capítulo III – Página 37 a 38
Questão 2 – D
Questão 3 – C
Questão 4 – E
Questão 6 – B
Questão 8 – B
Questão 10 - B

Capítulo IV – Página 44 a 46.
Questão 1 – D
Questão 3 – (A) – C. (B) – A.
Questão 4 – (A) – D. (B) – B.
Questão 5 – A
Questão 6 – B
Questão 8 – D
Questão 9 – D
Questão 10 – B

Capítulo V – Página 54.
Questão 1 – C
Questão 3 – E

Capítulo VI – Página 60 a 62.
Questão 1 – B
Questão 2 – D
Questão 4 – A
Questão 5 – C
Questão 6 – A
Questão 7 – B
Questão 8 – B
Questão 9 – B

Capítulo VII – Página 71 a 72.
Questão 1- D
Questão 2 – B
Questão 3 – B
Questão 4 – B
Questão 5 – E
Questão 7 – B.

Capítulo VIII – Página 80.
Questão 1 – B
Questão 3 – C

Capítulo IX – Página 90.
Questão 1 – E
Questão 2 – E
Questão 4 – C
Questão 5 – A

Capítulo X – Página 98.
Questão 1 – C
Questão 2 – C
Questão 3 – A
Questão 4 – B
Questão 5 – B

Capítulo XI – Página 108 a 111.
Questão 2 – C
Questão 3 – C
Questão 4 – C
Questão 9 - A
Questão 10 – B
Questão 12 – B
Questão 13 – C
Questão 15 – A

Capítulo XII – Página 114 a 120.
Questão 1 – A
Questão 2 – D
Questão 3 – C
Questão 4 – D
Questão 5 – C
Questão 6 – C
Questão 7 – A
Questão 8 – D
Questão 9 – B
Questão 10 – A
Questão 11 – E
Questão 12 – E
Questão 13 – B
Questão 14 – E
Questão 15 – D
Questão 16 – C
Questão 17 – E
Questão 18 – D
Questão 19 – A
Questão 20 – D
Questão 21 – B
Questão 22 – C
Questão 23 – C
Questão 24 – A
Questão 25 – C
Questão 26 – B 

Um deputado no olho do furacão


Por Bruno Huberman

O sorriso de carioca boa praça engana. Não que o deputado estadual pelo PSOL Marcelo Freixo não o seja, mas quem o vê, a principio, desconfia ser ele o homem que enfrentou a milícia no Rio de Janeiro. Quem conhece a sua história na militância pelos direitos humanos não se surpreende com a atuação que teve na Assembléia Legislativa. Trabalhou como professor de história em prisões, negociou rebeliões ao lado do Bope e em 2006 candidatou-se ao parlamento fluminense para ampliar seu campo de luta. Foi o responsável pela instauração da CPI das Milícias, que prendeu 275 milicianos e desmontou sua liderança.

Freixo não pôde fazer campanha nas áreas de milícia durante a corrida eleitoral deste ano. Seus partidários foram intimidados por milicianos. Por causa do enfrentamento, se viu obrigado a andar em carro blindado e com segurança armado. Mesmo prejudicado, foi o segundo candidato a deputado estadual mais votado no Estado. Conseguiu apoio de artistas e intelectuais. A sua atuação como político e ativista inspirou o cineasta José Padilha na criação do personagem Fraga no filme Tropa de Elite 2. 

Na entrevista concedida a CartaCapital, Freixo bateu na gestão do governador Sérgio Cabral e no seu “projeto de cidade segregadora” com as Unidade de Polícia Pacificadoras, muros, remoções e barreiras acústicas. E propôs um novo entendimento de segurança pública no Rio de Janeiro e no Brasil.

Carta Capital: Por que você disse que teria que sair do país se não fosse eleito?

Marcelo Freixo: Porque é óbvio, tenho carro blindado, segurança o dia inteiro, toda uma estrutura policial em cima do mandato. Nunca fui intimidado diretamente, mas houve descoberta de um plano de atentado. A polícia civil interceptou alguns planos.

CC: Você anda com medo nas ruas?

MF: Não é medo, é apreensão. Não é um cotidiano normal. Tem lugares que não posso ir. Não é bom, mas o tempo inteiro eu sabia o que podia acontecer. Também se perdesse a eleição seria uma vitória de muitos que enfrentamos. Acho que não haveria condições políticas para continuar aqui, pela segurança, porque ai sim seria inconsequente continuar no Brasil sem uma função pública e ao mesmo tempo seria um recado da mesma maneira que a minha votação também foi, porque o Rio de Janeiro deu uma resposta, se eu não ganhasse também seria uma resposta, inversa.

CC:O que representa para a política carioca você e o Chico Alencar terem sido eleitos com números expressivos, porém os mais votados continuam a ser políticos como Wagner Montes e Garotinho?

MF: Eles foram eleitos em função do acesso a mídia e não por feitos parlamentares. A mídia televisa de um lado e o rádio do outro. O critério de eleição dessas pessoas não é o mesmo do nosso. Não são os mesmos parâmetros e instrumentos.

CC: Você enxerga isso como uma evolução da política carioca?

MF: Eu acho que a nossa votação foi uma resposta muito boa, animadora, tem muita gente vindo falar isso nas ruas. Eu acho o que levou São Paulo a votar no Tiririca de maneira irresponsável e inconsequente, aqui no Rio foi uma política mais consequente. Foi um “tô de saco cheio” e votaram em alguém, que mesmo que não tenha uma identidade ideológica, é alguém que tem uma referência republicana, ética. Os quase 178 mil votos que eu recebi não são votos de identidade ideológica com o PSOL, nem os do Chico, mas são várias identidades.

CC: O que é de se esperar do próximo governo Sérgio Cabral?

MF: Eu acho que seja pelo menos razoável, porque foi péssimo o primeiro governo do Cabral. Um governo marcado pela falência da saúde pública, as pessoas morrem nos hospitais. A saúde pública carioca é palco de escândalos. Superfaturamento de medicamentos… Eu tenho um pedido de CPI apresentado que há quatro meses está dormindo na Casa. É uma secretaria que dá mais notícia por causa dos escândalos do que dos feitos, que chegou no seu pior resultado na história do Rio de Janeiro. Nunca antes na história do Rio a saúde pública foi tão ruim. Já que o Cabral gosta tanto do Lula, a gente usa essa expressão.

CC: Por que o Cabral saiu-se tão bem nas urnas?

MF: Ele ganhou a eleição por causa da UPP. Os formadores de opinião no Rio resolveram o seu problema de saúde e educação comprando planos de saúde e colocando seus filhos na escola privada. Essa não é uma questão pública no Rio de Janeiro. A escola pública na situação que está no Rio é uma questão só dos pobres. Eu acredito que esse problema seja de todas as grandes cidades. O Cabral ganhou a eleição com a propaganda da pacificação, mesmo que isso tenha sido para uma parte muito pequena do Rio de Janeiro. A polícia do Rio é que mais mata e morre no mundo.

CC: Qual a sua opinião sobre as UPPs?

MF: É um projeto de cidade. A UPP só pode ser pensada com a construção dos muros nas favelas, com as barreiras acústicas que tenta fazer com quem sai do aeroporto e chega a zona sul não veja as favelas e as remoções. O mapa das UPPs é revelador. É o corredor da zona sul hoteleiro, é a zona portuária com o projeto “Porto Maravilha”, é o entorno do Maracanã na avenida Tijuca, a Cidade de Deus e Jacarepaguá, que é a única área em toda Jacarepaguá que não está na mão da milícia.

CC: É para gringo ver?

MF: Não é só pra gringo ver não, é pra gringo praticar esporte. É uma sofisticação da expressão. É um projeto de cidade segregador. Não estou dizendo com isso que nos lugares que tenha UPP não existem avanços, é claro que tem. É claro que é importante não ter o tráfico de armas, o tiro e redução de homicídios. É claro que entendo, compreendo e concordo com o morador da UPP que diz que agora está melhor. Se eu morasse lá também diria isso. Eu entendo o cara dizendo: “eu quero UPP no meu bairro”, é compreensível. Contudo nós temos que ter uma leitura do Rio de Janeiro como um todo. O mapa das UPPs mostra que não é um projeto de segurança pública, é um projeto de cidade. Porque essas áreas são para 2014 e 2016 e no mesmo Rio de Janeiro, com o mesmo governo, nós temos a polícia matando três pessoas por dia. A polícia do Rio é a que mais mata e morre no mundo. O Rio não está pacificado.

CC: Você enxerga alguma solução para a segurança pública fluminense?

MF: Claro que tem saída e não é o Galeão. Primeiro porque a segurança pública não é um debate de polícia, é um debate de política. Você tem que enfrentar as milícias, por exemplo. Os líderes foram presos depois da CPI das Milícias, mas elas continuam crescendo territorialmente porque os seus braços econômicos não foram cortados por esses mesmos governos. Precisa pagar melhor a polícia. A polícia do Rio tem um salário de miséria. O salário do policial do Rio só é maior do que o salário do policial de Alagoas. Não tem corregedorias e ouvidorias funcionando. A ouvidoria do Rio é surda. Não tem aproximação da polícia com a comunidade, apenas tem nas zonas de UPP que é menos de 1% do território do Rio, em todas as outras a polícia mantém um controle. Nós vivemos um apartheid sem precisar do muro. Esses elementos centrais o governo Cabral não desenvolveu. Não adianta dizer que avançou na segurança pública sem ter avançado nesses pontos. Que avanço é esse? Você escolheu algumas áreas de obediência e diz que o Rio está pacificado? Apenas as áreas que interessam ao capital.

CC: Você acha que existe um processo de criminalização da pobreza?

MF: É histórico, claro que sim. Você criminaliza a pobreza e os movimentos sociais. Para o Estado manter as relações autoritárias que ele mantém, nos setores pobres, só faz isso disputando hegemonia. Só faz isso dando um caráter de naturalidade a ação repressora do Estado. Isso só pode ser feita com a produção do medo. A produção do medo é o grande instrumento de criminalização da pobreza.

CC: Existe uma programa do Estado em criminalizar a pobreza?

MF: É o Estado. A criminalização da pobreza é provocada pelo Estado. Isso não é provocado pelo Eike Batista, por mais imbecil que ele seja. Isso é provocado pelo Estado. É a lógica da segregação provocada pelo Estado, quando pega a escola pública e faz ela ser a penúltima pior escola pública do Brasil, só perdendo para o Piauí. É quando faz seu CEP ser determinante na dignidade humana. A dignidade no Rio vem com a maresia. Se você estiver distante da maresia a dignidade vai sumindo.

CC: O que você acha dessa proposta do Serra de criar um Ministério de Segurança Nacional para cuidar da segurança pública, porém isso seria de responsabilidade dos Estados?

MF: Mais ou menos, na verdade o programa original do Lula, de 2002, que eu ajudei a fazer, prevê a Secretaria Nacional de Segurança Pública, que já existe, só que o projeto original prevê que fosse vinculado ao presidente da República e não vinculado ao Ministério de Justiça como é hoje. Isso foi uma mudança, no meu ponto de vista, equivocado. Por que não há debate no Brasil mais importante do que a segurança pública, por uma razão: as pessoas precisam ser mantidas vivas. Nós temos em curso no Brasil hoje um genocídio acontecendo sobre a juventude pobre e negra. Isso tem que ser responsabilidade do presidente da República, mesmo que a responsabilidade das ações policiais sejam do governo do Estado. Segurança pública não é ação de polícia. Precisamos mudar o nosso conceito de segurança, uma sociedade segura não é uma que tem muita polícia, mas é uma que desenvolve uma cultura de direitos, ai a responsabilidade é sim do presidente.

CC: O que você achou do Tropa de Elite 2?

MF: Eu gostei muito, o filme leva o debate para o andar de cima e mostra que o nosso problema é político e não de polícia. É um belo instrumento. Mistura bom entretenimento com um debate político. É uma bela obra.

CC: Você acha que o diretor tratou bem o problema das milícias?

MF: Eles estudaram muito as milícias. Eles acompanharam todo o nosso trabalho no gabinete, acompanharam a CPI. O Braulio Mantovani, que escreveu o roteiro, assistiu a todos os DVDs da CPI, fizemos varias reuniões, estudaram e debateram o roteiro com diversos setores. Tiveram muito trabalho antes do filme ser filmado, isso eu posso testemunhar. É um belo instrumento para saber o que queremos do Rio de Janeiro. Isso não é algo exclusivo nosso, o que leva o Rio a ter as milícias existe em qualquer lugar do Brasil.

CC: E do personagem Fraga, interpretado pelo Irandhir Santos, que o Padilha diz ter se inspirado em você?

MF: O Irandhir esteve aqui com a gente em vários momentos, discutimos cada cena, o roteiro, conversamos muito. Ele é um grande ator, uma das pessoas mais responsáveis dentro da sua profissão que eu já conheci, um estudioso, além de talentoso.

CC: E como foi viver as situações do personagem no filme?

MF: Nem todas aquelas cenas correspondem a realidade. A começar pela minha mulher, que nunca foi casada, nem com o Capitão Nascimento, nem com o Wagner Moura. E a cena do presídio, de todas, é a mais distante da realidade. A cena do colete aconteceu, quando decidia se entrava com colete ou não. Negociei dezenas de rebeliões, não sei a conta. As negociações aconteciam com o Bope, boa parte delas, mas com negociadores do Bope que iam me buscar em casa de helicóptero. Nunca houve uma tentativa de brecar a minha entrada nas prisões, muito pelo contrário, o Bope me chamava para fazer essas negociações. Eu trabalho há vinte anos com os presos, chamo eles pelo nome, sei quem são, tem um respeito muito grande. Trabalhei como professor de história na cadeia durante muitos anos. Para negociação isso é muito importante e para todas as negociações que nós fizemos nunca houve um preso ferido, nenhum problema.

Cidade: local de encontro ou de desencontro?

A cidade surgiu como um local de encontro. As praças eram espaços de celebração, de festa, de rodas de conversas, de troca de informações. Hoje em dia as cidades mais parecem locais de desencontro, por conta da vida agitada de trabalho que a gente leva. É isso que a música do Paulinho da Viola mostra. Veja o vídeo e procure a letra também!