sexta-feira, 20 de julho de 2012

Geografia dos Transportes

Tipos de transportes:

Hidroviário ou Aquaviário:

Pode se dar em rios (transporte fluvial), lagos (transporte lacustre) ou em mares e oceanos (marítimo). Até hoje, o transporte por longa distâncias de grandes quantidades de recursos minerais, de produtos derivados do petróleo, de materiais para construção pesada e de madeira é feito por navios, em razão de seu baixo custo.

Há navios especializados no transporte de determinados produtos muito procurados nos mercados internacionais: p. ex. os graneleiros e os petroleiros, sem contar os navios de cruzeiros, especializados no transporte de pessoas em viagens turísticas. A utilização do contêiner permite a mecanização e automatização das operações de embarque e desembarque nos portos, o que diminui a necessidade de mão-de-obra.

A evolução da tecnologia dos navios, que passaram a ser movidos por vapor e depois por diesel, continuou garantindo baixo custo. Por isso, a ferrovia não chegou a substituir esse transporte nas áreas onde a geografia apresenta rios e lagos navegáveis. Embora a navegação fluvial mais favorável nas áreas que apresentam relevo de planície, hoje a engenharia já permite aproveitar algumas partes de rios de planalto para a navegação através da construção de eclusas e dragagens. A navegação que permite o transporte de cargas de um porto ao outro dentro de um país, em hidrovias por mar, é o que se chama navegação de cabotagem.

Ferroviário:

Esse tipo de transporte foi um avanço tecnológico importantíssimo da indústria moderna. As fábricas necessitavam receber matéria-prima em grande quantidade (ferro e carvão mineral para as siderurgias e algodão para as indústrias têxteis) e despachar produtos industrializados aos mercados consumidores. Assim surgiram as ferrovias, meio rápido, seguro e capaz de transportar grandes cargas. O trem foi o meio mais moderno e veloz até inícios do séc. XX.

A ferrovia tornou-se muito importante em países desenvolvidos como EUA (detém 1/3 da quilometragem ferroviária mundial), Japão (detém a tecnologia do trem bala, o mais veloz dos trens, atingindo 300 km/h) e mesmo a Rússia (que detém a Transiberiana, mais extensa ferrovia do mundo).

Já nos países em desenvolvimento as ferrovias tiveram dois objetivos principais: levar matérias primas e alimentos aos portos para serem levados aos países industrializados e fazer chegar os produtos industrializados importados. Assim, a característica das ferrovias no mundo em desenvolvimento (exceto Índia e China, que apresentam densa rede ferroviária que cruza grande parte do território) é seu traçado reticulado que leva do interior aos principais portos exportadores.

Aéreo:

O transporte pelo ar permite o deslocamento rápido e seguro de pessoas, interligando as mais diversas e longínquas partes do globo. Os aviões também permitem a integração de países com grande extensão territorial, como EUA, Canadá, Rússia, China e Brasil).

Rodoviário:

As rodovias são vias destinadas ao tráfego de automóveis e caminhões, surgidas no final do séc. XIX. A descoberta dos motores de explosão, movidos a gasolina permitiram o desenvolvimento da indústria automobilística, um dos mais importantes setores da indústria moderna.

Verdadeiras redes rodoviárias foram construídas nos países desenvolvidos, surgiram as modernas autoestradas, com várias pistas, asfaltadas e sinalizadas. Essas transformações priorizaram o uso do automóvel, que permite maior liberdade de locomoção no espaço e também do transporte coletivo em ônibus.

O caminhão também passou a fazer as vezes do trem em termos de transporte de cargas perecíveis e outros produtos industrializados (eletrodomésticos, automóveis etc), pois sua velocidade de entrega às vezes compensa os gastos mais elevados.

Transporte e desenvolvimento:

A industrialização expansão e expansão da economia de mercado produzem maior deslocamento de mercadorias e pessoas. Assim, o transporte é de vital importância para o desenvolvimento do mercado capitalista. Atualmente a integração dos diferentes tipos de redes de transporte é essencial para a competitividade da economia de mercado global.


País
Tipo
EUA
Japão
Rússia
França
Brasil
México
%
Rodovias
25
20
5
28
78
80
Ferrovias
50
38
82
55
13
10,5
Hidrovias
25
42
13
17
9
9,5


Nos países desenvolvidos, a maior parte do transporte continental de cargas é feito por ferrovia; sendo que quando é possível se utiliza a hidrovia que é o mais econômico ou barato dos 3 principais tipos de transporte de mercadorias. Em países em desenvolvimento, entretanto, as insuficientes redes ferroviárias deram lugar a investimentos prioritários em redes rodoviárias, como foi o caso do Brasil.

O desenvolvimento das rodovias nos países em desenvolvimento pode ser explicado em parte pelas pressões das indústrias automobilísticas estrangeiras, mas existem outros fatores. A troca das ferrovias pelas rodovias nos países do Sul foi ruim para a maioria da população, pois passou a predominar o transporte individual sobre o coletivo. Além disso, acompanhou-se o completo abandono das ferrovias, passando-se a transportar a maioria das cargas através das rodovias. Enquanto as rodovias tiveram prioridade total, as estradas de ferro foram abandonadas e não receberam apoio para modernizar-se. Assim, a rede rodoviária passou a transportar a maior parte da carga, um verdadeiro absurdo em termos econômicos, já que países em desenvolvimento deveriam reduzir custos de produção como o consumo de combustíveis.

Na realidade, o transporte multimodal é a melhor opção para o Brasil, pois a associação de vários sistemas de transporte e a criação de terminais rodoviários, ferroviários e hidroviários reduziriam os fretes, aumentariam a competitividade dos produtos e permitiriam uma maior integração territorial.

Além dos corredores de transportes (Araguaia-Tocantins, Leste, Fronteira Norte, Mercosul, Transmetropolitano, Nordeste, Oeste-Norte, São Francisco, Sudoeste), é fundamental abrir um caminho em direção ao oceano Pacífico (corredor bioceânico) para atingir os grandes mercados da Ásia e do Pacífico.

Evolução dos transportes no Brasil: 
ascensão das rodovias e declínio de outros tipos

Até a década de 1950, a economia brasileira se fundava na exportação de produtos primários, e com isso o sistema de transportes limitou-se aos transportes fluvial e ferroviário. Com a aceleração do processo industrial na segunda metade do século XX, a política para o setor concentrou os recursos no setor rodoviário, com prejuízo para as ferrovias, especialmente na área da indústria pesada e extração mineral. Como resultado, o setor rodoviário, o mais caro depois do aéreo, movimentava no final do século mais de 60% das cargas.

As primeiras medidas concretas para a formação de um sistema de transportes no Brasil só foram estabelecidas em 1934. Desde a criação da primeira estrada de ferro, em 1854, até 1946 os esquemas viários de âmbito nacional foram montados tendo por base as ferrovias, complementados pelas vias fluviais e a malha rodoviária. Esses conceitos começaram a ser modificados a partir de então, especialmente pela profunda mudança que se operou na economia brasileira, e a ênfase passou para o setor rodoviário. A crise econômica da década de 1980 e uma nova orientação política tiveram como conseqüência uma queda expressiva na destinação de verbas públicas para os transportes.

A explicação para o atraso no desenvolvimento de uma rede interregional de transportes, para a inexistência de um sistema nacional de ferrovias, para a reduzida importância da navegação marítima e fluvial e, sobretudo, para a quase falência dos sistemas de transportes não-rodoviários no país é geralmente atribuída a 4 fatores principais:

1) circunstâncias naturais, de relevo, adversas à navegação fluvial e à implantação de ferrovias (basta lembrar da tragédia da implantação da ferrovia Madeira-Mamoré na selva amazônica);
2) orientação histórica do crescimento econômico do país, voltada, durante mais de 400 anos, para a exportação de alguns poucos produtos primários;
3) forte lobby das empresas automobilísticas influenciando a prioridade governamental concedida ao transporte rodoviário;
4) empresas ferroviárias operando com vários sistemas ferroviários com bitolas diferentes, inviabilizando a integração regional.

No entanto, também se acredita que a real razão da decadência dos meios de transporte não-rodoviários foi a ausência de um forte — real e potencial — mercado interno. Com efeito, um nível baixo de renda, uma excessiva concentração dessa renda e da riqueza nacional, e um reduzido mercado interno resultam em pequena densidade de tráfego por unidade de área, sendo inconsistente com o desenvolvimento de um sistema eficiente de transporte, em escala nacional, baseado em ferrovias ou em navegação por cabotagem. Isso teria feito com que o transporte rodoviário fosse praticamente o único viável dentre as várias modalidades de transporte.

O que acontece é que, devido ao “fator indivisibilidade”, o transporte ferroviário e hidroviário, apresentam-se muito mais sensíveis a economias de escala do que o transporte rodoviário. Assim, as ferrovias e as hidrovias, embora sejam reconhecidamente as modalidades de transporte de longa distância que propiciam os mais baixos custos por unidade transportada, exigem, para serem economicamente viáveis, um grande volume de carga em duas direções — ou seja, exigem grande volume de passageiros e de fretes de ida e de retorno —, o que é uma realidade ainda não alcançada nos dias atuais, em largas partes do território nacional.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Transportes



“Em 35 anos de idas e vindas do escritório, um paulistano vai perder mais de 1 ano e 5 meses de sua vida no trânsito.”

1) Um dos maiores problemas das grandes cidades atualmente é o trânsito. Observe a charge ao lado. Qual é a solução para o trânsito proposta pelo desenhista? Você concorda com ela? Por quê?

2) Quais são as consequências do aumento do trânsito para a saúde das pessoas e para a saúde da própria cidade?

3) Uma das outras alternativas para o trânsito nas grandes cidades é a construção de metrôs. Quais são as vantagens do metrô em relação aos automóveis?


Todo mundo gostaria de ter uma estação de metrô perto de casa, certo? Com ela a gente poderia chegar em vários lugares da cidade com agilidade e sem poluir o meio ambiente. Não é isso? Observe o texto abaixo, retirado do jornal O Globo (12/05/2011).

Moradores do bairro nobre de Higienópolis, em São Paulo, conseguiram fazer com que o governo paulista desistisse de construir uma estação de metrô na avenida Angélica, uma das principais vias locais. O movimento contrário à construção do metrô, que contou até com abaixo-assinado, já se arrasta há anos. No ano passado, em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", uma psicóloga, moradora do bairro, chegou a dizer que era contra o metrô para evitar que "gente diferenciada" frequentasse Higienópolis.

4) De quem a psicóloga está se referindo com a expressão “gente diferenciada”? Por que ela não quer que essas pessoas frequentem seu bairro?
  
5) Além do transporte ferroviário (trens e metrô) e do rodoviário (automóveis, motocicletas, ônibus e caminhões), ainda há um terceiro tipo de transporte no Brasil, inclusive muito conhecido dos moradores de Niterói, que é o hidroviário (barcos, barcas, navios, etc). Quais são suas vantagens?
  
Observe a quantidade de cada tipo de via em alguns países.

País
Tipo
EUA
Japão
Rússia
França
Brasil
México
%
Rodovias
25
20
5
28
78
80
Ferrovias
50
38
82
55
13
10,5
Hidrovias
25
42
13
17
9
9,5
Fonte: World IQ Encyclopedia, 2004 apud Vesentini (2005).

6) Com a ajuda da Internet, procure descobrir o que foi o rodoviarismo no Brasil. Procure relacioná-lo com a entrada das indústrias automobilísticas no nosso país.
  
7) Pense em uma solução individual, que você poderia adotar, e uma governamental, na forma de políticas públicas, que poderia contribuir para a solução do problema do trânsito nas grandes cidades.


domingo, 8 de julho de 2012

Entrevista com João Pedro Stédile

Abaixo a entrevista com o economista João Pedro Stédile, do MST, no programa Brasil em Discussão da Record News, que foi ao ar no dia 17/06. Stédile fala sobre reforma agrária, concentração fundiária, a conferência Rio+20, agrotóxicos e tantos outros assuntos de Agricultura Brasileira. Importantíssimo!

A Corrosão do Caráter - INTENSIVO

A partir de entrevistas com executivos demitidos da IBM em Nova York, funcionários de uma padaria ultramoderna em Boston e muitos outros, Sennett estuda os efeitos desorientadores do novo capitalismo. Ele revela o intenso contraste entre dois mundos de trabalho - aquele da rigidez das organizações hierárquicas no qual o que importava era um senso de caráter pessoal, e que está desaparecendo, e o admirável mundo novo da reengenharia das corporações, com risco, flexibilidade, trabalho em rede e equipes que trabalham juntas durante um curto espaço de tempo, no qual o que importa é cada um ser capaz de se reinventar a toda hora.

O livro em português pode ser lido aqui. Sugiro lerem o primeiro capítulo, que é bem interessante. Se gostarem, podem ler o restante também!

O mundo segundo a Monsanto

O filme que falei na última aula. É um documentário sobre a soja transgênica produzida pela Monsanto.


Geografia das indústrias - INTENSIVO

As atividades econômicas podem ser divididas principalmente sem 3 setores. São eles: setor primário, que corresponde a agricultura e as atividades de extrativismo; setor secundário, que corresponde a indústria e a todo o processo de industrialização; e setor terciário, que corresponde ao comércio e aos serviços, setor predominante nas grandes cidades. Na aula de hoje, falaremos um pouco sobre o segundo setor.

O desenvolvimento do capitalismo está profundamente relacionado ao processo de industrialização. Sem a indústria, as sociedades teriam uma capacidade muito limitada de transformar a natureza, e não haveria o próprio processo de urbanização e massificação do consumo e dos costumes que existem atualmente. A industrialização deslocou o eixo de poder do campo pra cidade.

Entretanto, a indústria não surgiu na forma da fábrica como a conhecemos hoje. Antes disso, a produção de bens e a transformação da natureza era feita a partir do artesanato e da manufatura. Apesar de hoje considerarmos que vivemos numa sociedade industrial, a industrialização ocorreu de forma diferenciada no tempo e no espaço geográfico. Na primeira Revolução Industrial, por exemplo, as indústrias se localizavam próximas às bacias carboníferas britânicas, pois o custo de se transportar a energia era alto. O quadro abaixo sintetiza os principais fatores que podem modificar a localização das indústrias.

Fatores locacionais
matérias-primas
fontes de energia
mão-de-obra de baixa qualificação (baixa remuneração)
mão-de-obra muito qualificada
mercado consumidor
infraestrutura de transporte
rede de telecomunicações
incentivos fiscais
disponibilidade de água

Importante notar que todos os fatores de localização das indústrias estão ligados a diminuição dos custos de produção, ou seja, são fatores de ordem econômica, além de espacial. Cada setor industrial é influenciado por cada fator de forma diferenciada. Para isso, veremos como isso ocorreu de forma diferenciada no tempo.

A primeira revolução industrial foi marcada pela criação da máquina a vapor (1769) e sua aplicação dentro das fábricas, que facilitava o fornecimento de energia e a produção de mercadorias em menor tempo. Além disso, a máquina a vapor também foi aplicada aos meios de transporte, ampliando as possibilidades de interligação a lugares mais distantes e favorecendo a comunicação. As indústrias eram localizadas próximas às fontes de energia e de matéria-prima, o que favoreceu ainda mais o crescimento de algumas cidades.

É também na primeira revolução industrial que é introduzido em larga escala o trabalho assalariado, em oposição ao trabalho servil ou escravo. O pensador Karl Marx, no século XIX, que foi o responsável por desvendar porque o regime assalariado era a relação de trabalho mais adequada ao capitalismo, quando criou o conceito de mais-valia. A toda jornada de trabalho corresponde uma remuneração, que permitirá a subsistência do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor a mais do que recebe na forma de salário, e a quantidade de trabalho não-pago permanece em poder dos proprietários das fábricas, lojas, fazendas, minas, etc. Através da mais-valia que os capitalistas podem lucrar.

A segunda revolução industrial surge com a diversificação das tecnologias e de formas de se obter energia, passando pra eletricidade e pro petróleo. As indústrias de bens de consumo passaram a se instalar próximas ao mercado consumidor, mesmo que estivessem longe da fonte de energia ou matéria-prima. Também nesta fase que ocorre o grande crescimento da indústria de bens de produção, como a siderurgia, metalurgia e indústria química. Essas indústrias fabricavam produtos que seriam utilizados como matéria-prima de outras fábricas. As indústrias de bens de capital, que produziam máquinas, equipamentos e peças para outros setores, também se expandiram nessa época.

Dentro da fábrica, o trabalho realizado se tornava cada vez mais especializado. Isso quer dizer que o processo produtivo de fabricação das mercadorias se subdividia em várias etapas, desempenhado por vários trabalhadores em diversas funções. Era comum haver a figura do gerente, uma espécie de fiscal do trabalho. Esse processo também foi responsável pela criação da divisão social do trabalho, pois cada ocupação tinha uma remuneração diferenciada.

No início do século XX, os Estados Unidos já se tornava uma grande potência industrial, superando a Ingleterra. O economista norte-americano Frederick Taylor criou uma nova forma de organização do trabalho dentro das indústrias, fenômeno que ficou conhecido como Taylorismo. Segundo ele, o tempo e os movimentos dos operários deveriam ser intensamente controlados para aumentar a produtividade, a divisão das atividades dentro da fábrica deveria ser feita de forma mais especializada e repetitiva e as atividades administrativas e executivas deveriam ser realizadas por outros funcionários. Posteriormente, um outro norte-americano, Henry Ford, introduziu esteiras rolantes nas linhas de montagem dos automóveis de sua fábrica, aumentando ainda mais a produtividade. Por isso, essa especialização do trabalho ficou conhecido como Fordismo.

Ao mesmo tempo que havia uma especialização da produção no interior das fábricas, a população passava a crescer ainda mais fora delas. Ford percebeu, então, que para ter mais lucro, seu modo de produção em massa deveria ser transferido para o consumo em massa da sociedade. Para tanto, era necessário aumentar os salários dos trabalhadores para que eles pudessem consumir os bens que produziam dentro das fábricas. Os EUA passam a ser a primeira sociedade de consumo de massa, quando várias mercadorias se tornaram acessíveis à população em geral, instaurando o american way of life. Para facilitar a implementação da lógica fordista de produção em massa e consumo em massa, era necessário padronizar ao máximo os produtos. Assim, a Ford fabricava o mesmo modelo de carro nos Estados Unidos e na Europa, ainda que os dois mercados tivessem necessidades distintas.

O fordismo também transformou enormemente a organização do espaço geográfico dos países industrializados. Era necessário que as demais indústrias que produziam peças e componentes dos automóveis se localizassem próximas a indústria automobilística, o que gerou uma intensa concentração industrial (economia de aglomeração). Esse padrão de produção, consumo e organização espacial se expande para os países europeus a partir do fim da Primeira Guerra Mundial, mas a Crise de 29 colocou em xeque os riscos da superprodução de mercadorias.

Com a Terceira Revolução Industrial, o espaço geográfico passa por uma nova reconfiguração, acompanhado pela reorganização da produção e do consumo. Conhecido como pós-fordismo ou toyotismo, o novo sistema tinha como objetivo aumentar os ganhos de produtividade através da maior exploração da mão-de-obra do trabalhador. Assim, o toyotismo implementou o sistema just-in-time, ou seja, haveria uma grande sintonia entre os fornecedores de matéria-prima, os produtores e os compradores, onde se produziria apenas a quantidade de mercadorias que se fosse consumir, sem desperdícios.

Além do risco da superprodução, o pós-fordismo permitiu a flexibilização industrial para atender às exigências de diferentes mercados consumidores. O avanço da tecnologia fazia com que vários produtos que eram produzidos no sistema fordista ficassem obsoletos rapidamente, com prejuízo para o fabricante. O pós-fordismo readaptou as linhas de montagem das fábricas, para que não fosse necessário criar uma nova fábrica a cada novo desenvolvimento tecnológico.

A atual etapa do capitalismo é marcada por uma profunda desconcentração industrial e descentralização do capital. Enquanto as redes de transportes e telecomunicações das grandes metrópoles estão saturadas, observamos um deslocamento das indústrias para longe dos centros urbanos desenvolvidos. Enquanto as indústrias que necessitam de alta tecnologia buscam a proximidade de universidades ou centros de pesquisa, desenvolvendo tecnopolos, as indústrias de baixa tecnologia procuram áreas onde a legislação trabalhista ou ambiental é mais flexível e os salários são menores. A globalização eliminou as barreiras dos transportes e das comunicações a nível global e as indústrias certamente foram muito beneficiadas com esse processo.

Desenvolvimento do Capitalismo - INTENSIVO

Após a queda no Muro de Berlim e o fim da União Soviética, podemos dizer que o sistema capitalista é hegemônico hoje no mundo inteiro. Isso quer dizer que o capitalismo é predominante em todos os países do globo. Até mesmo países que se identificam como comunistas ou socialistas funcionam na lógica do capitalismo. Para entendermos como se deu essa configuração do espaço geográfico mundial, vamos conhecer as principais fases do capitalismo que antecederam a atual. São 3: Comercial, industrial e financeiro.

Clique para ampliar, retirado de Geoprofessora

1. Capitalismo Comercial (Séc XV-XVIII)

A primeira etapa do capitalismo é chamada de comercial pois o principal objetivo dos países da Europa Ocidental era acumular capital através da troca de mercadorias. Essa política foi chamada de mercantilismo e foi pautada pela busca de novas rotas de comércio através das expansões marítimas. Nesse período, os países europeus conquistaram inúmeros territórios e também escravizaram e assassinaram milhões de nativos da América e África, sempre em busca de produtos que fossem valorizados no mercado europeu.

Assim, estabeleceu-se a Divisão Internacional do Trabalho clássica, uma estruturação do espaço geográfico global. Enquanto a colônia enviava metais preciosos, especiarias e produtos tropicais para a sua metrópole, esta enviava produtos manufaturados para a colônia. Nas palavras do escritor uruguaio Eduardo Galeano, enquanto uns países se especializavam em ganhar, outros se especializavam em perder. A América Latina, desde então, é especializada em perder.

Alguns autores já defendem que é no Capitalismo Comercial que ocorre a primeira Globalização, ainda que de forma incipiente. Em geral, eles afirmam que essa etapa do capitalismo estabeleceu relações políticas, econômicas e culturais entre países em diferentes continentes, através da expansão marítima. A Globalização, contudo, na forma como a entendemos hoje será estudada em um capítulo mais adiante.

2. Capitalismo Industrial (Séc. XVIII-XIX)

Em meados do século XVIII, o capitalismo, antes baseado no comércio de produtos simples, passou a caracterizar-se por uma produção industrial em grande escala, com produtos mais elaborados. Essa transformação ficou conhecida como Revolução Industrial, a etapa que a seguiu como Capitalismo Industrial e levou a uma reconfiguração do espaço geográfico global.

As cidades, que já vinham crescendo desde a etapa anterior, começaram a crescer ainda mais devido a modernização das atividades agrícolas, que expulsou centenas de trabalhadores do campo. A Divisão Internacional do Trabalho se aprofundou ainda mais, enquanto houve uma aceleração enorme da circulação de pessoas, matérias-primas e mercadorias. Isso só foi possível devido aos grandes avanços na tecnologia de transporte terrestre.

Nessa etapa, o comércio já não era a principal fonte de lucro, mas a produção de mercadorias. Importante notar que a Inglaterra foi o país pioneiro, enquanto a mão-de-obra escrava ou servil era substituída pela assalariada. O capitalismo industrial também foi importante para delimitar o fim da intervenção do Estado na economia. Ela passava a funcionar na lógica do mercado, guiado pela livre concorrência. Essa doutrina ficou conhecida como liberalismo econômico, sendo o seu principal teórico o economista escocês Adam Smith.

Segundo Smith, bastava que cada indivíduo buscasse seu próprio interesse econômico que o interesse coletivo seria atingido de forma mais eficiente. Os preços das mercadorias e os salários seriam definidos através das leis de oferta e demanda. Para tanto, era importante que não houvesse interferência do Estado nos assuntos econômicos. A metáfora mais conhecida do liberalismo econômico é o da “mão-invisível”, que sugeria essa não intervenção.

3. Capitalismo Financeiro ou Monopolista (Séc. XIX-XX)

O avanço da atividade industrial exigiu maiores investimentos financeiros para possibilitar o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias. A intenção era que as indústrias se tornassem mais produtivas, gerando mais lucro para o industrial. Nesse contexto, alguns setores industriais começam a receber ajuda financeira dos bancos, que, por conta disso, começam a desenvolver novas tecnologias e produtos, gerando mais competitividade.

Com os avanços tecnológicos e o acirramento da concorrência, algumas empresas simplesmente não conseguiam se tornar fortes o suficiente para competir com as grandes. Assim, pequenas empresas foram a falência ou foram incorporadas por empresas maiores, o que gerou uma grande centralização e concentração de capitais. Essas fusões e incorporações levaram a formação de monopólios e oligopólios. Outros conceitos também surgem nesse contexto:

Monopólio: Situação em que uma única empresa domina a oferta de determinado produto ou serviço. Quando o mercado é dominado por uma estrutura monopolista, os preços são fixados pela empresa monopolizadora e não pelas leis de mercado, garantindo-lhe superlucros.

Oligopólio: Conjunto de empresas que domina determinado setor da economia ou produto colocado no mercado. Em geral, impõe preços abusivos e elimina a possibilidade de concorrência, através da aquisição de pequenas empresas.

Cartel: Conjunto de empresas que atuam no mesmo setor da economia e estabelecem acordos visando à ampliação de suas margens de lucros, geralmente através da adoção das seguintes estratégias: estabelecimento de cotas de produção, controle dos preços, controle das fontes de matéria-prima (cartel de compradores) e divisão do mercado.

Holding: Conjunto de empresas dominadas por uma empresa central que detém a maioria ou parte significativa das ações de suas subsidiárias; geralmente atua em vários setores da economia, formando um conglomerado.

Truste: Situação em que uma empresa controla todas as etapas do processo produtivo, desde a retirada da matéria-prima da natureza, passando pela transformação em produto até a distribuição da mercadoria. Em geral está associado ao processo de fusão de empresas.

É no contexto do capitalismo financeiro que ocorre a expansão imperialista, que buscava garantir novos mercados consumidores e novas fontes de matérias-primas. Os países europeus, então, avançam sobre a África e o sul da Ásia. A Divisão Internacional do Trabalho, então, foi deslocada para a África, já que a maior parte dos países da América Latina estavam realizando suas independências, ainda que apenas nominalmente.

Nessa época que os Estados Unidos surge como uma potência industrial. Sua expansão imperialista sobre a América Latina, contudo, não ocorreu na forma de dominação colonial. Os EUA exerciam um controle indireto, patrocinando golpes de Estado e apoiando a ascensão de ditadores que fossem favoráveis aos Estados Unidos. As intervenções militares eram apenas pontuais.

Nessa etapa, o liberalismo econômico permanece apenas como ideologia capitalista, pois o mercado passa a ser cada vez mais controlado apenas pelas grandes corporações. Isso se intensifica ainda mais com a Crise de 29, onde o Estado volta a aparecer como indutor da atividade econômica, planejando, coordenando, produzindo ou como empresário. Essa política ficou conhecida como keynesianismo, pois foi elaborada por um economista britânico chamado John Maynard Keynes.

É importante observar que a divisão feita entre as diferentes etapas de desenvolvimento do capitalismo tem diferenças entre si mas é, sobretudo, para efeito didático. Nunca o capitalismo industrial deixa de ser comercial, ou seja, cada etapa que surge incorpora um pouco da etapa anterior para se desenvolver. Também é relevante lembrarmos que a transição entre uma etapa para outra se dá de forma lenta e gradual, além de ocorrer de forma diferenciada entre os países, assim como foi transição entre o feudalismo e o capitalismo.

Margaret on the Guillotine - INTENSIVO

Declaração de "amor" do Morrissey, vocalista da banda de rock The Smiths, para Margaret Thatcher. Ela foi a responsável pela guinada neoliberal no Reino Unido no início dos anos 80, quando ela era primeira-ministra.


Clique aqui para ler a tradução da música.

domingo, 1 de julho de 2012

Imagens sobre agricultura

Voçoroca ou ravina
Quando forma-se uma voçoroca o solo já perdeu toda sua fertilidade depois de uma utilização muito intensa ou sem técnicas adequadas

Técnicas de conservação do solo

Plantio em curvas de nível

Terraceamento

Rotação de culturas

Ainda tem o uso de leguminosas para aumentar a fertilidade do solo. Clique para ler.