Tipos de transportes:
Hidroviário ou Aquaviário:
Pode se dar em rios (transporte fluvial), lagos (transporte lacustre) ou em mares e oceanos (marítimo). Até hoje, o transporte por longa distâncias de grandes quantidades de recursos minerais, de produtos derivados do petróleo, de materiais para construção pesada e de madeira é feito por navios, em razão de seu baixo custo.
Há navios especializados no transporte de determinados produtos muito procurados nos mercados internacionais: p. ex. os graneleiros e os petroleiros, sem contar os navios de cruzeiros, especializados no transporte de pessoas em viagens turísticas. A utilização do contêiner permite a mecanização e automatização das operações de embarque e desembarque nos portos, o que diminui a necessidade de mão-de-obra.
A evolução da tecnologia dos navios, que passaram a ser movidos por vapor e depois por diesel, continuou garantindo baixo custo. Por isso, a ferrovia não chegou a substituir esse transporte nas áreas onde a geografia apresenta rios e lagos navegáveis. Embora a navegação fluvial mais favorável nas áreas que apresentam relevo de planície, hoje a engenharia já permite aproveitar algumas partes de rios de planalto para a navegação através da construção de eclusas e dragagens. A navegação que permite o transporte de cargas de um porto ao outro dentro de um país, em hidrovias por mar, é o que se chama navegação de cabotagem.
Ferroviário:
Esse tipo de transporte foi um avanço tecnológico importantíssimo da indústria moderna. As fábricas necessitavam receber matéria-prima em grande quantidade (ferro e carvão mineral para as siderurgias e algodão para as indústrias têxteis) e despachar produtos industrializados aos mercados consumidores. Assim surgiram as ferrovias, meio rápido, seguro e capaz de transportar grandes cargas. O trem foi o meio mais moderno e veloz até inícios do séc. XX.
A ferrovia tornou-se muito importante em países desenvolvidos como EUA (detém 1/3 da quilometragem ferroviária mundial), Japão (detém a tecnologia do trem bala, o mais veloz dos trens, atingindo 300 km/h) e mesmo a Rússia (que detém a Transiberiana, mais extensa ferrovia do mundo).
Já nos países em desenvolvimento as ferrovias tiveram dois objetivos principais: levar matérias primas e alimentos aos portos para serem levados aos países industrializados e fazer chegar os produtos industrializados importados. Assim, a característica das ferrovias no mundo em desenvolvimento (exceto Índia e China, que apresentam densa rede ferroviária que cruza grande parte do território) é seu traçado reticulado que leva do interior aos principais portos exportadores.
Aéreo:
O transporte pelo ar permite o deslocamento rápido e seguro de pessoas, interligando as mais diversas e longínquas partes do globo. Os aviões também permitem a integração de países com grande extensão territorial, como EUA, Canadá, Rússia, China e Brasil).
Rodoviário:
As rodovias são vias destinadas ao tráfego de automóveis e caminhões, surgidas no final do séc. XIX. A descoberta dos motores de explosão, movidos a gasolina permitiram o desenvolvimento da indústria automobilística, um dos mais importantes setores da indústria moderna.
Verdadeiras redes rodoviárias foram construídas nos países desenvolvidos, surgiram as modernas autoestradas, com várias pistas, asfaltadas e sinalizadas. Essas transformações priorizaram o uso do automóvel, que permite maior liberdade de locomoção no espaço e também do transporte coletivo em ônibus.
O caminhão também passou a fazer as vezes do trem em termos de transporte de cargas perecíveis e outros produtos industrializados (eletrodomésticos, automóveis etc), pois sua velocidade de entrega às vezes compensa os gastos mais elevados.
Transporte e desenvolvimento:
A industrialização expansão e expansão da economia de mercado produzem maior deslocamento de mercadorias e pessoas. Assim, o transporte é de vital importância para o desenvolvimento do mercado capitalista. Atualmente a integração dos diferentes tipos de redes de transporte é essencial para a competitividade da economia de mercado global.
País
Tipo
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EUA
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Japão
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Rússia
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França
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Brasil
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México
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%
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||||||
Rodovias
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25
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20
|
5
|
28
|
78
|
80
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Ferrovias
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50
|
38
|
82
|
55
|
13
|
10,5
|
Hidrovias
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25
|
42
|
13
|
17
|
9
|
9,5
|
Nos países desenvolvidos, a maior parte do transporte continental de cargas é feito por ferrovia; sendo que quando é possível se utiliza a hidrovia que é o mais econômico ou barato dos 3 principais tipos de transporte de mercadorias. Em países em desenvolvimento, entretanto, as insuficientes redes ferroviárias deram lugar a investimentos prioritários em redes rodoviárias, como foi o caso do Brasil.
O desenvolvimento das rodovias nos países em desenvolvimento pode ser explicado em parte pelas pressões das indústrias automobilísticas estrangeiras, mas existem outros fatores. A troca das ferrovias pelas rodovias nos países do Sul foi ruim para a maioria da população, pois passou a predominar o transporte individual sobre o coletivo. Além disso, acompanhou-se o completo abandono das ferrovias, passando-se a transportar a maioria das cargas através das rodovias. Enquanto as rodovias tiveram prioridade total, as estradas de ferro foram abandonadas e não receberam apoio para modernizar-se. Assim, a rede rodoviária passou a transportar a maior parte da carga, um verdadeiro absurdo em termos econômicos, já que países em desenvolvimento deveriam reduzir custos de produção como o consumo de combustíveis.
Na realidade, o transporte multimodal é a melhor opção para o Brasil, pois a associação de vários sistemas de transporte e a criação de terminais rodoviários, ferroviários e hidroviários reduziriam os fretes, aumentariam a competitividade dos produtos e permitiriam uma maior integração territorial.
Além dos corredores de transportes (Araguaia-Tocantins, Leste, Fronteira Norte, Mercosul, Transmetropolitano, Nordeste, Oeste-Norte, São Francisco, Sudoeste), é fundamental abrir um caminho em direção ao oceano Pacífico (corredor bioceânico) para atingir os grandes mercados da Ásia e do Pacífico.
Evolução dos transportes no Brasil:
ascensão das rodovias e declínio de outros tipos
Até a década de 1950, a economia brasileira se fundava na exportação de produtos primários, e com isso o sistema de transportes limitou-se aos transportes fluvial e ferroviário. Com a aceleração do processo industrial na segunda metade do século XX, a política para o setor concentrou os recursos no setor rodoviário, com prejuízo para as ferrovias, especialmente na área da indústria pesada e extração mineral. Como resultado, o setor rodoviário, o mais caro depois do aéreo, movimentava no final do século mais de 60% das cargas.
As primeiras medidas concretas para a formação de um sistema de transportes no Brasil só foram estabelecidas em 1934. Desde a criação da primeira estrada de ferro, em 1854, até 1946 os esquemas viários de âmbito nacional foram montados tendo por base as ferrovias, complementados pelas vias fluviais e a malha rodoviária. Esses conceitos começaram a ser modificados a partir de então, especialmente pela profunda mudança que se operou na economia brasileira, e a ênfase passou para o setor rodoviário. A crise econômica da década de 1980 e uma nova orientação política tiveram como conseqüência uma queda expressiva na destinação de verbas públicas para os transportes.
A explicação para o atraso no desenvolvimento de uma rede interregional de transportes, para a inexistência de um sistema nacional de ferrovias, para a reduzida importância da navegação marítima e fluvial e, sobretudo, para a quase falência dos sistemas de transportes não-rodoviários no país é geralmente atribuída a 4 fatores principais:
1) circunstâncias naturais, de relevo, adversas à navegação fluvial e à implantação de ferrovias (basta lembrar da tragédia da implantação da ferrovia Madeira-Mamoré na selva amazônica);
2) orientação histórica do crescimento econômico do país, voltada, durante mais de 400 anos, para a exportação de alguns poucos produtos primários;
3) forte lobby das empresas automobilísticas influenciando a prioridade governamental concedida ao transporte rodoviário;
4) empresas ferroviárias operando com vários sistemas ferroviários com bitolas diferentes, inviabilizando a integração regional.
No entanto, também se acredita que a real razão da decadência dos meios de transporte não-rodoviários foi a ausência de um forte — real e potencial — mercado interno. Com efeito, um nível baixo de renda, uma excessiva concentração dessa renda e da riqueza nacional, e um reduzido mercado interno resultam em pequena densidade de tráfego por unidade de área, sendo inconsistente com o desenvolvimento de um sistema eficiente de transporte, em escala nacional, baseado em ferrovias ou em navegação por cabotagem. Isso teria feito com que o transporte rodoviário fosse praticamente o único viável dentre as várias modalidades de transporte.
O que acontece é que, devido ao “fator indivisibilidade”, o transporte ferroviário e hidroviário, apresentam-se muito mais sensíveis a economias de escala do que o transporte rodoviário. Assim, as ferrovias e as hidrovias, embora sejam reconhecidamente as modalidades de transporte de longa distância que propiciam os mais baixos custos por unidade transportada, exigem, para serem economicamente viáveis, um grande volume de carga em duas direções — ou seja, exigem grande volume de passageiros e de fretes de ida e de retorno —, o que é uma realidade ainda não alcançada nos dias atuais, em largas partes do território nacional.