Como é de conhecimento de todos, o Brasil é um país com dimensões continentais. Por isso, para analisá-lo corretamente, optamos por dividi-lo em espaços mais ou menos uniformes, isto é, regiões. Regionalizar significa recortar o espaço geográfico pra buscar a homogeneidade interna e diferenciação em relação ao que está fora. Algumas regiões brasileiras são conhecidas pelo senso comum e tem origem numa divisão clássica, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vale recordar o interesse do governo em promover a integração territorial através da identidade nacional – para isso, era necessário conhecer o Brasil, suas fronteiras, seus recursos naturais, etc. Contudo, há inúmeras possibilidades de regionalizar o Brasil, de acordo com o interesse do pesquisador.
A forma mais importante de regionalização brasileira para a Geografia leva em conta as características socioeconômicas, divisão conhecida como geoeconômica, ou complexos regionais. Contudo, é impossível falar de regiões nacionais sem levar em conta a divisão clássica do IBGE.
Divisão IBGE
A regionalização clássica do IBGE divide o território nacional em 5 regiões: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.. Na região Norte predominam as planícies sedimentares e a elevada temperatura, além da presença forte da floresta amazônica; no Nordeste, os escudos cristalinos, clima quente e semi-árido ou quente e úmido e a Caatinga. Já no Sudeste o clima é tropical úmido, com vegetação predominante de mata atlântica e parte do Cerrado. No Sul predominam as pradarias, mata das araucárias ou mata atlântica e clima úmido subtropical. Finalmente, cabe ao Centro-Oeste o clima quente e úmido ou quente e seco, a predominância do escudo cristalino brasileiro e os campos cerrados.
Esta regionalização, amplamente difundida e aceita, respeita e considera os limites político-administrativos, para não haver problema na hora de investir recursos, divulgar estatísticas ou direcionar políticas públicas regionais. Em todo caso, podemos notar a referência física da classificação. Há pouca preocupação com os níveis de desenvolvimento econômico ou social, composição populacional ou outro indicador qualquer, nada além do que a Natureza proporciona. Para isso, muitos pesquisadores preferem trabalhar com as divisões geoeconômicas do território nacional
Divisão geoeconômica
A divisão geoeconômica ou em complexos regionais classifica o Brasil em três grandes regiões: Centro-Sul, Nordeste e Amazônia. O interesse aqui é utilizar noções da dinâmica econômica e da produção, por isso os limites dos estados não são respeitados, como podemos ver no mapa, uma vez que esses limites são superficiais de acordo com a complexidade das características nacionais.
2.1. Região Centro-Sul
Região Centro-Sul é a região com a economia mais dinâmica e os melhores indicadores sociais (saneamento básico, alfabetização, mortalidade infantil, emprego, etc.). Corresponde a toda a Região Sul, parte do Centro-Oeste, incluindo Brasília, e a maior parte do Sudeste, com exceção do norte de Minas Gerais .
O Centro-Sul concentra cerca de 70% da população nacional, além da maior parte da produção industrial e agropecuária. Mesmo as atividades econômicas primárias, como, por exemplo, a agricultura praticada no Mato Grosso do Sul, estão mais ligadas ao abastecimento da população no Sudeste. A região é marcada por intensos fluxos financeiros, comerciais e populacionais, além do fluxo de informações e os piores índices de degradação ambiental, tanto em zonas urbanas quanto em zonas rurais.
2.2. Região Nordeste
Região Nordeste é a região com os piores índices socioeconômicos. Faz parte do Nordeste geoeconômico desde parte do Maranhão até o sul da Bahia. Área de colonização antiga e de presença marcante do coronelismo -- verdadeiras dinastias de famílias que se mantém durante décadas no poder -- é marcada por uma disseminação intensa da pobreza, altos índices de mortalidade infantil, subnutrição e analfabetismo, além de estagnação econômica.
Durante boa parte da história recente do Brasil serviu como zona de repulsão populacional, onde a concentração fundiária se faz presente mais do que em qualquer outra região. Parte da oligarquia nordestina utiliza o argumento da seca para atrair diversos tipos de investimentos, como crédito agrícola e obras de infraestrutura. Essas medidas, em geral, tendem a beneficiar principalmente os grandes produtores e industriais, como é o caso da obra de transposição do Rio São Francisco.
2.3 Região Amazônica
A Região Amazônica não deixa de ser classificada por um fator físico, já que ela possui baixos índices de densidade demográfica. É marcada pela presença da floresta amazônica – gigantesca floresta equatorial, além de um processo de ocupação recente, através da expansão da fronteira agrícola. Possui, ao mesmo tempo, grande interesse internacional devido a quantidade de ervas medicinais e à biopirataria. Por isso, a atividade econômica de mais impacto na região é o extrativismo, apesar da pecuária e da agricultura extensiva, além da pesca também serem praticadas.
Devido às suas dimensões continentais e à difícil fiscalização, é por suas fronteiras que entram a maior parte das drogas e das armas utilizadas aqui. Além disso, pelos mesmos motivos, concentra índices de trabalho escravo maior do que a média nacional. Durante os anos da ditadura, a região da Amazônia ganhou projetos de colonização e integração, com incentivos à migração de nordestinos para essa região. Além disso, a construção da grandes obras públicas, como hidrelétricas e a transamazônica estavam imbuídas das ideias de integração territorial, iniciada nos anos JK com a construção de Brasília.
Na região também ocorrem intensos conflitos entre populações tradicionais e grupos interessados na exploração econômica dos recursos da região – agricultores, madeireiros garimpeiros, etc. Isso se deve ao fato da região abarcar um grande contingente de população indígena e de outros grupos que vivem em contato direto com a natureza.